segunda-feira, 27 de abril de 2015

Para fazer cinema é preciso ver o "cinema" que há dentro dos filmes, sugere Nivaldo Vasconcelos


NIVALDO VASCONCELOS: Precisamos descobrir nossas histórias e contá-las com o cinema

Sala lotada, muita curiosidade dos participantes, interação e um oficineiro esbanjando simpatia, carisma e, claro, talento e conhecimento sobre seu campo de atuação: o audiovisual. Foi nesse clima que transcorreu a sexta oficina do Projeto Filmar: Direção Cinematográfica, com Nivaldo Vasconcelos, no Espaço Cultural da Ufal, no último dia 25 de abril, das 9 às 12 horas (veja a galeria de fotos aqui). De acordo com a coordenadora do Projeto, graduanda em Teatro Fabiana de Paula, as expectativas do projeto já estão mais do que superadas. “Além de termos já concretizado uma etapa muito importante, a filmagem de Monique – em fase de montagem – as oficinas estão cada vez mais chamando a atenção dos interessados em criar por meio do audiovisual em Alagoas”, explica. 

Realizador de alguns dos curtas mais representativos da nova safra do cinema alagoano, Nivaldo compartilhou conhecimentos, experiências, expôs um pouquinho do seu trabalho, mas principalmente, estimulou os participantes que desejam fazer filmes a simplesmente realizá-los. “Não sei quem foi que disse que fazer filmes é difícil, que é preciso uma megaestrutura ou equipe gigantesca para filmar, etc. Hoje, com um celular na mão você já consegue fazer um filme com excelente qualidade técnica. E outra coisa que muita gente precisa entender, é que cinema não é só aquilo que muitas vezes pensamos ser cinema. Que é possível fazer um filme com muito pouco, e ainda assim, sendo honesto, verdadeiro com o que se quer expressar”.

Para Nivaldo, que em filmes como Mwany (2013) e A Gente Não Combina Com Essa Sala (2014), contou apenas com o trabalho colaborativo para realizá-los sem orçamento, o mais importante na construção de um filme é a visão. “Um diretor tem que saber o que quer, como quer. É ele quem define para onde a câmera vai apontar, qual o enquadramento, que história vai ser narrada, e até mesmo se o filme não vai ter narrativa”.

A INTERAÇÃO entre os participantes marcou a sexta oficina do Filmar
O aparato técnico, cada vez mais compacto e de melhor qualidade, como ele fez questão de enfatizar, tem se tornado ao mesmo tempo um facilitador para o surgimento de novas produções, e, assim, democratizado a realização de novos filmes, o surgimento de novas formas de expressão artística. “É claro que se você quer realizar em Maceió um filme como Os Vingadores, um blockbuster hollywoodiano, você não vai conseguir. Pois esse tipo de cinema industrial, sim, requer um aparato milionário para ser produzido. E não é questão de dizer que esse tipo de cinema seja melhor ou pior do que qualquer outro tipo, mas se olharmos para a nossa realidade, há tanta coisa que pode ser explorada aqui em Alagoas que uma produção de Hollywood jamais poderia fazer, mesmo como todos esses milhões”, afirma Nivaldo.

O realizador alagoano já iniciou a oficina dando pistas dos filmes que, logo na adolescência o fizeram se interessar pelo cinema. “Os Goonies, a série Indiana Jones, A Lenda, todos esses filmes que lidavam com a fantasia eu achava interessante. Mais tarde, fui então compreender porque os filmes de Ingmar Bergman, Jean Rouche, Rogério Sganzerla, por exemplo, me interessavam, e já num outro tipo de cinema, mas que também utilizavam da fantasia para enfocar questões da alma humana”. No entanto, todas essas influências acabaram por levá-lo a buscar (mesmo inconscientemente) os temas que enfoca em seus filmes. “Eu tenho interesse por gente. São as questões humanas que mais me movem a realizar.”, afirma Nivaldo.
SALA LOTADA para o bate-papo com o realizador alagoano Nivaldo Vasconcelos

E, segundo ele, para ser um bom diretor de cinema, além de saber reunir uma boa equipe, conduzir o olhar do espectador, não tem outro jeito: é preciso repertório. “Isso é válido não só para quem realiza filmes, mas para quem produz imagem de uma forma geral. Se você quer fazer ver, tem que ver muito também. Tem que assistir muitos filmes, e saber ver filmes também – ressaltando a importância da sua formação cineclubista – pois se engana quem pensa que cinéfilo é só aquele que assiste a muitos filmes. A cinefilia vai bem além: é a característica daquela pessoa que, além de gostar de ver filmes, quer ver o “cinema” que está dentro de cada filme, finaliza.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Projeto Filmar convida Nivaldo Vasconcelos para oficina de Direção Cinematográfica, dia 25/04


Arquivo pessoal/Facebook
O diretor alagoano Nivaldo Vasconcelos é o próximo oficineiro do Projeto Filmar, e no próximo sábado, dia 25 de abril, vai compartilhar um pouco da sua experiência no campo da Direção Cinematográfica. A oficina será realizada no Espaço Cultural da Ufal, praça Sinimbú, das 9 às 12h. Para se inscrever, basta enviar um e-mail para projetofilmar@gmail.com.

Artista de intensa atividade no audiovisual alagoano, Nivaldo Vasconcelos é o autor de filmes como MWANY (2013) vencedor em seis categorias na IV Mostra Sururu de Cinema Alagoano, e selecionado para festivais nacionais e internacionais, como o 25º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, além de A GENTE NÃO COMBINA COM ESSA SALA (2014), NOTURNA (2014) e ELA (2014).

Curador e cineclubista, Nivaldo também foi produtor em KM58 (2011) e assistente de direção em O QUE LEMBRO, TENHO (2012), ambos de Rafhael Barbosa; O VULTO (2013), de Wladymir Lima e foi co-roteirista do curta MARÉ VIVA (2013), de Lis Paim e Alice Jardim. Sua atuação, no entanto, extrapola a linguagem cinematográfica. Os trabalhos ZOÉ e CRIATURA (ambos de 2013), em parceria com Alice Jardim e Ana Carolina Brandão provam isso. Também é um dos colaboradores do Ateliê Sesc de Cinema, que já produziu uma dezena de filmes de jovens realizadores alagoanos, e sócio do Estúdio Atroá, com Alice Jardim e Matheus Nobre.

Artista inquieto, também desenvolve trabalhos no campo da fotografia e da literatura, tendo publicado a obra infantil Embolados, pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, em 2013. Sem dúvida nenhuma, com toda essa bagagem, é uma oportunidade única conferir o talento e a generosidade desse artista alagoano em compartilhar um pouco de sua visão sobre a arte e sobre o fazer cinematográfico em Alagoas.
Nivaldo prepara Avaristo Martins para entrar em cena, nos bastidores do curta O VULTO