NIVALDO VASCONCELOS: Precisamos descobrir nossas histórias e contá-las com o cinema |
Sala
lotada, muita curiosidade dos participantes, interação e um
oficineiro esbanjando simpatia, carisma e, claro, talento e
conhecimento sobre seu campo de atuação: o audiovisual. Foi nesse
clima que transcorreu a sexta oficina do Projeto Filmar: Direção
Cinematográfica, com Nivaldo Vasconcelos, no Espaço Cultural da
Ufal, no último dia 25 de abril, das 9 às 12 horas (veja a galeria de fotos aqui). De acordo com a
coordenadora do Projeto, graduanda em Teatro Fabiana de Paula, as
expectativas do projeto já estão mais do que superadas. “Além de
termos já concretizado uma etapa muito importante, a filmagem de
Monique – em fase de montagem – as oficinas estão cada vez mais
chamando a atenção dos interessados em criar por meio do
audiovisual em Alagoas”, explica.
Realizador
de alguns dos curtas mais representativos da nova safra do cinema
alagoano, Nivaldo compartilhou conhecimentos, experiências, expôs
um pouquinho do seu trabalho, mas principalmente, estimulou os
participantes que desejam fazer filmes a simplesmente realizá-los.
“Não sei quem foi que disse que fazer filmes é difícil, que é
preciso uma megaestrutura ou equipe gigantesca para filmar, etc.
Hoje, com um celular na mão você já consegue fazer um filme com
excelente qualidade técnica. E outra coisa que muita gente precisa
entender, é que cinema não é só aquilo que muitas vezes pensamos
ser cinema. Que é possível fazer um filme com muito pouco, e ainda
assim, sendo honesto, verdadeiro com o que se quer expressar”.
Para
Nivaldo, que em filmes como Mwany (2013) e A Gente Não Combina Com
Essa Sala (2014), contou apenas com o trabalho colaborativo para
realizá-los sem orçamento, o mais importante na construção de um
filme é a visão. “Um diretor tem que saber o que quer, como quer.
É ele quem define para onde a câmera vai apontar, qual o
enquadramento, que história vai ser narrada, e até mesmo se o filme
não vai ter narrativa”.
A INTERAÇÃO entre os participantes marcou a sexta oficina do Filmar |
O
aparato técnico, cada vez mais compacto e de melhor qualidade, como
ele fez questão de enfatizar, tem se tornado ao mesmo tempo um
facilitador para o surgimento de novas produções, e, assim,
democratizado a realização de novos filmes, o surgimento de novas
formas de expressão artística. “É claro que
se você quer realizar em Maceió um filme como Os Vingadores, um
blockbuster hollywoodiano, você não vai conseguir. Pois esse tipo
de cinema industrial, sim, requer um aparato milionário para ser
produzido. E não é questão de dizer que esse tipo de cinema seja
melhor ou pior do que qualquer outro tipo, mas se olharmos para a
nossa realidade, há tanta coisa que pode ser explorada aqui em
Alagoas que uma produção de Hollywood jamais poderia fazer, mesmo
como todos esses milhões”, afirma Nivaldo.
O
realizador alagoano já iniciou a oficina dando pistas dos filmes
que, logo na adolescência o fizeram se interessar pelo cinema. “Os
Goonies, a série Indiana Jones, A Lenda, todos esses
filmes que lidavam com a fantasia eu achava interessante. Mais tarde,
fui então compreender porque os filmes de Ingmar Bergman, Jean
Rouche, Rogério Sganzerla, por exemplo, me interessavam, e já num
outro tipo de cinema, mas que também utilizavam da fantasia para enfocar questões da alma humana”. No entanto,
todas essas influências acabaram por levá-lo a buscar (mesmo
inconscientemente) os temas que enfoca em
seus filmes. “Eu tenho interesse
por gente. São as questões humanas que
mais me movem a realizar.”, afirma Nivaldo.
SALA LOTADA para o bate-papo com o realizador alagoano Nivaldo Vasconcelos |
E,
segundo ele, para ser um bom diretor de cinema, além de saber reunir
uma boa equipe, conduzir o olhar do espectador, não tem outro jeito:
é preciso repertório. “Isso é válido não só para quem realiza
filmes, mas para quem produz imagem de uma forma geral. Se você quer
fazer ver, tem que ver muito também. Tem que assistir muitos filmes,
e saber ver filmes também – ressaltando a importância da sua
formação cineclubista – pois se engana quem pensa que cinéfilo é
só aquele que assiste a muitos filmes. A cinefilia vai bem além: é
a característica daquela pessoa que, além de gostar de ver filmes,
quer ver o “cinema” que está dentro de cada filme, finaliza.
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